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domingo, 5 de janeiro de 2014

Não tenhas medo, ouve...


UM POEMA

 Não tenhas medo, ouve:
 É um poema
 Um misto de oração e de feitiço...
 Sem qualquer compromisso,
 Ouve-o atentamente,
 De coração lavado.
 Poderás decorá-lo
 E rezá-lo
 Ao deitar
 Ao levantar,
 Ou nas restantes horas de tristeza.
 Na segura certeza
 De que mal não te faz.
 E pode acontecer que te dê paz... 

 Miguel Torga


sábado, 4 de janeiro de 2014

Clariceando.....

Estremeço de prazer por entre a novidade de usar palavras que formam intenso matagal. Luto por conquistar mais profundamente a minha liberdade de sensações e pensamentos, sem nenhum sentido utilitário: sou sozinha, eu e minha liberdade.
É tamanha a liberdade que pode escandalizar um primitivo, mas sei que não te escandalizas com a plenitude que consigo e que é sem fronteiras perceptíveis.
Esta minha capacidade de viver o que é redondo e amplo - cerco-me por plantas carnívoras e animais legendários, tudo banhado pela tosca e esquerda luz de um sexo mítico.
Vou adiante de modo intuitivo e sem procurar uma idéia: sou orgânica. E não me indago sobre os meus motivos. Mergulho na quase dor de uma intensa alegria – e para me enfeitar nascem entre os meus cabelos folhas e ramagens.
Clarice Lispector

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Novo ano, vida nova...

E 2014 chegou..
Começando com renovadas energias!
Que seja um ano de muita paz, saúde e alegrias!
Que nossos sonhos se realizem...
Que haja paz e união entre os povos, entre as nações.
Que o perdão e o amor se faça presente em todos os lares
Que fique no passado a falta de harmonia e os conflitos
E que nesse,  usemos de muita sabedoria
de muito entendimento e diplomacia...
no lar, no trabalho, nos poderes constituídos
Que Deus esteja presente em todos os momentos
e nós, num gesto de amor e gratidão pela vida, 
pela família, pelo trabalho, pelo alimento
dispensemos uns minutos por dia e numa prece silenciosa, 
agradecendo e pedindo que nos abençoe
em todos os dias e noites desse ano que inicia...
                                             
                                                  Luiza, aos 03 de janeiro de 2014


No ano passado ...



Já repararam como é bom dizer "o ano passado"? É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem...Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraodinária sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas. Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um despacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do Ano Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte:

"Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados".

Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos...

Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.
Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova.
Mario Quintana