Eu não envelheci. O tempo é que
passou por aqui e tá
bem mudado. Quase não o reconheci.
Lembro-me bem,
o tempo era jovem, cheio de planos,
queria me ''fazer''.
Guardava-me para o futuro. Hoje ele
tá velho,
o tempo enrugou! Falei baixinho pra
mim:
''meu deus, o que o tempo fez com o
tempo?!'' Corri
para o espelho e me vi igual e de
esguelha o olhei; ele
para mim, de soslaio. Confesso que
dei uma risadinha. Ficamos frente a frente.
Depois de tanto ''tempo'' era chegada
a hora de conversarmos.
Não sabia por onde começar. Meio sem
jeito perguntei sua data de
nascimento. Sabe o que ele
me respondeu? Que era imemorial.
Pode?! Tentando disfarçar meu constrangimento, tossi. E o tempo continuou a
falar...que era implacável, indomável, insinuante, que pertencia a todos, que
fazia o que quisesse com quem bem entendesse. Tentei colocar a mão na sua boca,
mas o tempo continuou a me falar, que era onipresente, que viu riso, choro,
lágrima, lástima, traição e fidelidade eterna. Fiquei pasmo, lívido! Mas não
podia perder a opotunidade, afinal, era eu conversando com o tempo. Tu já
tiveste essa oportunidade? O achei presunçoso. Enquanto ele falava, minha
cabeça girava tentando uma forma de reverter positivamente para mim, a
conversa. Aí lembrei do passado. Com ar triunfal perguntei o que ele, o Tempo,
o que ele achava do passado. Sua resposta foi o que motivou esse texto. O Tempo
me falou que o seu passado, em algum tempo, sempre foi o seu futuro. Quase
enlouqueci. Eu entro em êxtase com verdades. E o Tempo foi verdadeiro comigo.
(Nilson Octávio)
imagem captada na web
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