Na década de 1990, o mundo presenciou uma nova etapa evolutiva na
gravação e reprodução de áudio com a chegada do compact disc (CD). Os direitos
autorais em música perderam mais ainda as estribeiras, além de acabar
vorazmente com o monopólio elitista de todas as gravadores de Long Plays
(bolachões de vinil). De lá para cá o que temos visto é um degringolar sem
precedentes, pirataria, desrespeito por autoria, regravações e adaptações ao
bel-prazer de tudo quanto é aventureiro e mercenário infiltrado no meio. A
internet, essa caixa de Pandora, continua cada dia mais e mais liberal,
aceitando e reproduzindo tudo o que dá na telha dos amantes do lucro, da
vaidade e do desmedido prazer de adulterar. Sei que ela é democrática, e isso é
o lado bom do dilema. O mundo já está mesmo mergulhado de vez no mar
cibernético e se um dia sair desse virtual e sombrio mundo, será para entrar
noutro derivado deste. E com isso, será
que a música popular ganha ou perde? Ganha, à medida que concede a cada anônimo
artista expor sua criação, fazer seu vídeo, vender seu peixe, coisa que não
acontecia antes, e perde o artista famoso que antes vendia seu disco e que
agora tem que vender mesmo é o seu Show. A net dá acesso a todos os que desejam
encher seu pen drives de tudo quanto é tipo de som do planeta, sem cobrar nada.
Mas como a diversidade é o que
importa, digo que os anos 90, formaram para mim a salada musical, simplesmente
pela grande mistura, vejamos: despontou naquele cenário um forte caráter
romântico nas vozes agudas de Chitãozinho e Xororó, e outras duplas como João
Paulo e Daniel, e Leandro e Leonardo. No segmento Rap tivemos O Rappa, Planet
Hemp, Racionais MCs, Pavilhão 9 e Gabriel, o Pensador. Já o Rock começou a
misturar o caldo, a banda Raimundos, fundiu o Rock mais agressivo com Baião e o
Repente como o maluco beleza Raul, já havia feito há quase duas décadas; A
banda mineira Pato Fu, veio mostrando algo mais sensível em suas execuções;
enquanto a banda Skank apelou para as repetidas batidas do Reggae. No campo da
MPB, o violonista João Bosco trilhou vários caminhos rítmicos exibindo um
ecletismo sem precedentes e pode-se dizer que, assim como o Gonzaguinha,
transcendeu os limites da temática da MPB, compondo canções declaradamente
engajadas.
Ouvia-se de Adriana Calcanhoto, a Beto Barbosa: de Daniela Mercury, a
Raça Negra, de Os Paralamas do sucesso a Gabriel O Pensador, com a sua Lôra
Burra.
Agamenon violeir
Publicado no Recanto das Letras
Enviado por Agamenon violeiro em
09/12/2016
Código do texto: T5848319
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