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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Chimarrão do Estrivo.

Semana Farroupilha! Saudando o "Dia do Gaúcho" com essa linda poesia!



 Mate do estrivo bendito,
 Amargo que a gente chupa,
 Já de poncho na garupa
 Para a tropeada do mundo,
 Algum mistério profundo
 Te revirou do avesso,
 Porque és doce no começo
 E tão amargo no fundo!

 Quantas vezes te chupei
 Junto ao cavalo encilhado,
 Tendo a china no costado
 Tristonha na despedida,
 Sem pensar - velha bebida! -
 Que ao te golpear sem rebuços,
 Ia bebendo os soluços
 Daquela prenda querida!

 Velho mate carinhoso,
 Encilhado de erva mansa,
 Quando uma China te alcança,
 Olhando quieta pra gente,
 Deve pensar, certamente,
 Que depois de um beijo longo,
 O adeus é como o porongo
 Que fica frio de repente!

 Mil vezes te amanunciei,
 No pingo meio oitavado,
 Entre um pedido, um recado,
 De uma mana ou de uma prenda...
 Pois sempre alguém recomenda
 Quando a gente é meio novo
 Que não se meta em retovo
 Junto aos gaudérios de venda!

 E depois quando parti-me
 Do Pago, campeando a sorte,
 Eu te chupei, mate forte,
 Bem junto do parapeito,
 E fui saindo, sem jeito,
 Dando rédeas ao gateado,
 Mas te guardarei bem cevado
 No porongo de meu peito!

 Decerto é por isso mesmo
 Que quando evoco a Querência
 Eu te sinto, com violência,
 Nas veias em atropelo,
 E até me ouriça o cabelo.
 Pois do meu ser primitivo,
 Aquele mate do estrivo
 Foi o último sinuelo!

 E ao bom Deus que é rio-grandense
 Sempre peço, enquanto vivo,
 Um chimarrão para o estrivo
 Quando chegar o meu fim.
 E se Ele quiser assim,
 Vá destacando uma china
 Que lá na Estância Divina
 Prepare o mate pra mim!

Jayme Caetano Braun

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